Livro: Mary Barton
Autora: Elizabeth Gaskell
Editora: Record
Rating: [rating=4]
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+ Exemplar cedido pela editora para resenha
Sinopse
Clássico impactante e à frente de seu tempo, de uma das grandes escritoras inglesas do século XIX, Elizabeth Gaskell Elizabeth Gaskell escreveu este romance em meio à crescente Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, e às lutas trabalhistas por mais direitos. Apesar de sua origem burguesa e embora ela não tivesse a intenção de apoiar diretamente a revolução, o livro chegou a ser considerado subversivo devido à sensibilidade com que lida com a causa trabalhista.
Além disso, sua protagonista ganha status de heroína, papel que em geral não cabia às mocinhas da época. A trama se desenvolve em torno de John Barton, operário que cria sozinho sua filha, Mary, e leva uma vida difícil com o pouco que ganha. A moça logo começa a trabalhar como costureira, para ajudar seu velho pai nas despesas. Inesperadamente, porém, Mary Barton se ilude com as propostas de Henry Carson, filho do dono da fábrica em que seu pai trabalha, apesar de seu coração bater mais forte por Jem, um jovem amigo da família e operário como seu pai. Assim se forma o triângulo amoroso que permeia a trama. Enquanto isso, a situação social na cidade de Manchester se agrava e, entre a falta de emprego e os salários miseráveis oferecidos, os trabalhadores escolhem negociar e protestar. Gaskell nos apresenta um final surpreendente, tanto para o embate social quanto para o desfecho amoroso.
Capa & Diagramação
Por ser um clássico literário, esse livro já foi lançado em diversas capas ao redor do mundo. A capa lançada pela Record é a que mais chama minha atenção pois é harmônica e elegante. Adoro as cores e a tipografia! A diagramação interna é limpa e propicia uma leitura confortável.
Personagens, Enredo & Impressões gerais
Eu sempre tive alguns problemas para aprender história. Enquanto estava na escola eu não via objetivo de decorar tantas datas e nomes e, mais tarde na minha vida, senti muita falta da base que a escola deixou de me dar nessa disciplina.
Agora que estou fazendo minha terceira graduação, estou mais madura e crítica para receber os conteúdos que tanto me enchem de curiosidade mas ainda enfrento alguns problemas com memorização. Eu estudo, entendo, mas como não é um conhecimento que aciono diariamente com o tempo vou esquecendo.
Porém, um artifício está se mostrando infalível para me auxiliar nesse aspecto: os romances históricos. Eles fazem parte do meu tipo de literatura favorita e, de forma não intencional, entram na minha vida e me ajudam a sanar curiosidades e dificuldades que tenho na minha vida pessoal e universitária.
Segundo o site Toda Matéria, “romance histórico é um gênero literário, no qual a narrativa ficcional se relaciona com fatos históricos. A composição das personagens e dos cenários é feita de modo que estejam em concordância com documentos e dados históricos, oferecendo assim ao leitor uma noção da vida e dos costumes da época.”. Dentre os romances que li, os que mais fizeram a diferença para mim estão: a série Outlander, A Rainha Domada e Mary Barton.
“Dê-me razões mais nobres para aceitar com humildade aquilo que o Pai mandou para mim, e eu tentarei com afinco e fé ser paciente; mas não zombe de mim, nem de qualquer outra pessoa triste, com a frase: Não se lamente, pois não tinha jeito. O que não tem remédio, remediado está.”
O último conta a história de uma garota que vive na época da Revolução Industrial que ocorreu no século XIX. Lançada em 1848, a obra foi uma das primeiras da época em que a protagonista era a heroína da história.
O triângulo amoroso inserido no enredo dá ao leitor uma visão da disparidade social da época e dos dramas que envolviam a burguesia e os operários. Apesar de já ter estudado a Revolução Industrial sob o olhar de diversos professores, nada se compara a ler e conhecer de perto a realidade (ainda que ficcional) de uma família que teve que viver as dificuldades de fome, miséria e as estratégias de sobrevivência da época.
“Não queremos doce, queremos barriga cheia; não queremos casacos e coletes de seda, mas roupas quentes; e, se tivéssemos roupas nem íamos ligar para o tecido. Não queremos essas casas enormes que eles têm, queremos um teto para nos proteger da chuva, da neve e da tempestade; sim, e não apenas para nos proteger, mas também aos indefesos que se apertam contra nós no vento frio e nos perguntam com os olhos porque nós os trouxemos ao mundo para sofrer.”
O livro foi considerado um ato de rebeldia na época já que a autora, Elizabeth Gaskell, que pertencia a classe burguesa, retratava as lutas e os dramas da classe operária de maneira muito sensível. Após ser denunciada pelos burgueses, o editor de Gaskell achou mais prudente que ela escrevesse novamente a história dando mais ênfase a trama romântica. Ainda assim, Mary Barton não perdeu seu caráter subversivo e impactante quanto à luta da classe operária.
Apesar de retratar um momento histórico muito específico, é impossível não transferir os acontecimentos, as dificuldades e a angústia causada pela pobreza, pela ganância e pelo egoísmo do homem para os dias atuais. Muitos parágrafos desta obra dão um soco no estômago do leitor pelo seu caráter atemporal e sua identificação com o tempo atual.
Estou incrivelmente feliz de ter conhecido essa história e essas duas mulheres fortes e
corajosas que presenciaram um momento tão crítico da história. Viva as obras que mulheres fantásticas que nos inspiram nas lutas de hoje!
Pontos positivos: ótimo para aprender história, entender uma pouco mais da Revolução Industrial e muito aconselhável para quem gosta de protagonistas femininas fortes e romance.
Pontos negativos: pode ser cansativo para quem não gosta romance ou história.