Livro: O Outro Lado da Bola
Autores: Alvaro Campos, ALê Braga e Jean Diaz
Editora: Record
Rating: [rating=3]
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+ Exemplar cedido pela editora para resenha
Sinopse
Ao se declarar homossexual em um programa de TV depois do assassinato — brutal e com motivações homofóbicas — de um ex-namorado, Cris, jogador de futebol e ídolo de uma nação de torcedores fanáticos, vê sua vida pessoal e sua carreira saírem completamente de controle. Tem então de enfrentar a reação da diretoria e dos colegas de clube, a hesitação dos patrocinadores, a rejeição de grande parte da torcida e a crise familiar que se desencadeia a partir de sua declaração.
A história de Cris é uma ficção, mas poderia acontecer de alguma forma, com o ídolo do seu time e talvez de uma seleção inesquecível. É aí que reside a força da narrativa de “O outro lado da bola”, de Alvaro Campos e Alê Braga, com ilustrações de Jean Diaz. Em ano de Copa do Mundo, é difícil virar cada página sem pensar: esse é o mundo em que ainda vivemos. Mas o relógio está correndo, e ainda dá para virar esse jogo. O futebol, afinal, é sempre o melhor pretexto para se discutir as coisas da vida.
Capa & Diagramação
Apesar de adorar a capa achei que ela não faz uma correspondência boa com o conteúdo da graphic novel. A capa mostra uma foto e o interior do livro é em desenho. Acredito que isso pode confundir o leitor ou criar expectativas erradas. O estilo do traço do quadrinho é duro, cru e tem muitos detalhes.
Personagens, Enredo & Impressões gerais
Eu sou dessas que ama futebol na época da Copa do Mundo mas não suporta futebol no resto do tempo. Acho que tudo isso tem pouco a ver com o esporte em si e mais a ver com como as pessoas aqui no Brasil encaram o assunto. Mas isso é conversa pra outra hora.
A premissa dessa graphic novel me chamou muita atenção e me deixou muito ansiosa para saber como os autores tratariam desse assunto. Não acreditava que alguém finalmente tinha resolvido falar disso e achei que uma graphic novel era uma ótima abordagem!
Acredito que a escolha da abordagem foi muito certa pois a graphic novel tem aquele clima mais duro, cru, ríspido e agressivo que me pareceu muito cabível para atingir o público masculino que acaba sendo, em sua maioria, amante de futebol. O estilo da graphic novel se assemelha bastante com alguns quadrinhos de super-heróis.
Eu sinceramente acho que muito do comportamento machista nesse esporte é simplesmente reproduzido sem questionamentos e sem muita maldade. Nesse caso, conversar com esse público é extremamente benéfico e o maior trunfo dessa graphic novel.
Por mais que eu imaginasse um cenário bem complicado caso algum ídolo do futebol revelasse sua homossexualidade eu não tinha noção do caos que isso poderia gerar. Isso vem muito do meu desconhecimento de tudo que essa grande indústria envolve nos dias de hoje. Eu pensava sempre na relação do jogador, mídia, torcedor mas o livro expande o assunto para a torcida organizada, a política, os dirigentes do clube, os patrocinadores, os advogados e até mesmo como isso afetou a família e os amigos do jogador em questão.
“A ideia é mostrar um lado do esporte que existe de fato. E que reflete muito uma realidade do país que acreditamos que precisa mudar. Onde a impunidade sempre existiu, e a paixão pelo futebol sempre a mascarou.” – Alê Braga e Alvaro Campos
O Outro Lado da Bola acaba abordando muito mais que futebol e a quantidade de assuntos abarcados é enorme. Isso faz com que a graphic novel seja intensa durante toda a leitura. Apesar de não ser o meu tipo de graphic novel (pelo excesso de agressividade e outros fatores) acredito que O Outro Lado da Bola cumpriu muito bem seu papel de introduzir esse assunto na literatura e para que possamos pensar e discutir mais sobre isso e para que possamos estar cada vez mais próximos de tornar o futebol um esporte mais livre e respeitoso. Não podemos continuar impedindo as pessoas de serem felizes, de ser quem são, não importa sua profissão, posição, cargo ou status.
Pontos positivos: assunto abordado e todas as derivações que o tema principal traz.
Pontos negativos: agressividade desnecessária.